Impacto Acadêmico e Social


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O programa promove o contato de seus alunos com o setor produtivo por meio da realização de trabalhos aplicados em disciplinas, do desenvolvimento de projetos de pesquisa aplicada e pelas discussões enriquecidas pelas experiências dos próprios discentes, muitos dos quais atuam no setor produtivo. 

A integração do PPGAMB com outras empresas do setor privado concretizou-se, ainda, a partir de projetos para solução de problemas ambientais. Pode-se citar, por exemplo, estudos de caso desenvolvidos em uma indústria de bebidas da região Metropolitana de Curitiba, com alunos da graduação da Engenharia Civil, sob orientação de docentes do PPGAMB. As pesquisas focaram em avaliar a viabilidade técnica e econômica do aproveitamento de lodo de esgoto da produção de uma indústria para a geração de energia térmica e elétrica na planta industrial, pesquisas que também se enquadram nos preceitos de economia circular.  

O programa mantém também uma estreita relação com demandas ambientais da própria Universidade. A parceria tem ocorrido a partir de pesquisas realizadas sob orientação de docentes do PPGAMB, a partir de contatos com a área de gestão administrativa e geral do campus Ecoville, envolvendo projetos em busca de soluções ambientais.  

A integração do programa com órgãos da administração pública também tem sido uma construção assumida pelo grupo e pode ser ilustrada por meio de várias ações envolvendo docentes e discentes, tais como:  

* colaboração de docentes no Fórum Curitiba de Mudanças Climáticas e no Fórum Paraná de Mudanças Climáticas, para participação nas discussões e na proposição de soluções para problemas decorrentes dos impactos das mudanças climáticas em escala municipal e estadual;  

* atuação no Conselho Estadual do Meio Ambiente (CEMA), no Conselho Gestor de Mananciais da Região Metropolitana de Curitiba (CGM-RMC) e em outros comitês e conselhos que demandam representação por parte de Universidades, contribuindo para o enfrentamento dos problemas ambientais de natureza regional e estadual;  

* realização de pesquisas em parceria com a Companhia Paranaense de Saneamento (SANEPAR), envolvendo alunos do Programa e da Graduação na busca por soluções de problemas reais nas áreas de gestão de recursos hídricos e tratamento de esgoto, em um processo integrado e colaborativo entre profissionais da Companhia, discentes e docentes do PPGAMB.  

* auxilio ao Departamento de Limpeza Pública da Prefeitura Municipal de Curitiba, a partir de pesquisas orientadas por docente do programa, em nível de iniciação científica e de pós-graduação, na compreensão dos riscos e impactos ambientais decorrentes de uma área de passivo ambiental na Região Metropolitana de Curitiba. A área tem sido acompanhada pelo município e pelo Ministério Público, para garantia de minimização de problemas ambientais. A integração entre a equipe técnica da prefeitura e o grupo da docente do PPGAMB tem ocorrido desde junho de 2018, por meio de reuniões, para discutir séries históricas de dados sobre o passivo hospitalar, identificar hipóteses a serem avaliadas quanto à contaminação por fármacos e outros poluentes e realizar campanhas de monitoramento conjunto para estudo da dinâmica da contaminação. Além de permitir a geração de dados inéditos sobre como águas subterrâneas e superficiais na circunvizinhança têm sido influenciadas por esse passivo ambiental, principalmente quanto ao fenômeno de resistência a antimicrobianos, a aproximação entre o setor público e a academia pode embasar tomadas de decisão e contribuir para a proposição de modelos orientadores para monitoramento de passivos hospitalares.  

Outras ações de integração do PPGAMB são realizadas no campo da governança territorial por meio da atuação junto às Redes Gestoras dos Corredores de Biodiversidade do Rio Paraná e das Araucárias, coletivos que envolvem participação de instituições do terceiro setor, da administração pública e empresas que atuam nos referidos territórios e reúnem cerca de 40 instituições. De maneira direta, o docente do programa, Prof. Marcelo Limont coordenou o Projeto Corredores de Biodiversidade (setembro de 2017 a setembro de 2021), financiado pelo BNDES e executado pela OSCIP Mater Natura, no qual a UP atua como parceira executora. Trata-se de estratégia de restauração ecológica em 351 hectares em sete áreas prioritárias nos dois Corredores, envolvendo 18 instituições parceiras que atuam nas referidas Redes. 

No ano de 2015, o PPGAmb, representado pelos Professores Mario Sergio Michaliszyn e Cíntia Mara Ribas de Oliveira, atendeu a uma demanda da Prefeitura Municipal da Lapa, para elaboração de projeto a ser submetido ao edital nº 2/2015 da FUNASA (Ministério da Saúde). O projeto intitulado “Educação, Promoção da Saúde e Sustentabilidade com a população da Área Remanescente Quilombola Vila Esperança, Lapa – PR” foi contemplado, e o grupo de docentes e discentes do PPGAmb envolvidos na proposta participou até 2018 de assessoria a órgãos da Prefeitura para desenvolver ações junto à comunidade. Lamentavelmente, apesar da chegada do recurso para sua execução, as dificuldades burocráticas de liberação da verba levaram a Prefeitura a cancelar o projeto junto à FUNASA. O PPGAmb continuou mesmo assim com as ações na comunidade, fortalecendo sua inserção e compromisso social. Nascido neste mesmo contexto, em 2017, o Grupo de Estudos Populações Tradicionais: antropologia, Sociologia e Meio Ambiente estreita laços com as Associações de Moradores e Lideranças das Comunidades Remanescentes Quilombolas do Feixo, Restinga e Vila Esperança, localizadas no Município da Lapa – Pr. No ano de 2020, um projeto de extensão foi apresentado pela Professora Cíntia Mara Ribas de Oliveira, com o envolvimento de alunos do Programa e de diferentes cursos de graduação para monitoramento participativo da qualidade ambiental na Comunidade Remanescente Quilombola do Feixo (Lapa), cujo objetivo envolve a condução de vivências e sensibilização ambiental deste grupo populacional.  

Ampliando suas atividades, no ano de 2016, o Grupo de Estudos iniciou também ações com as comunidades de pescadores artesanais da Área de Proteção Ambiental (APA) de Guaratuba e do Parque Nacional de Superagui, localizado na APA de Guaraqueçaba – Pr, envolvendo projetos de pesquisa, dissertações e teses. A partir de 2020, as pesquisas do grupo se ampliam para o envolvimento com as Associações de Moradores da Vila Salto do Parati e Cabaraquara, localizados no Parque Nacional Saint Hilaire-Lange, com a realização de projetos de ensino, pesquisa e extensão, com participação da  Associação Guaratubana de Maricultores, Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater Guaratuba), a ONG Instituto Guaju e a ONG SOS Vira-latas.  

Por intermédio da Professora Gisela Geraldine Castilho-Westphal do PPGAMB A partir de 2021 as pesquisas do grupo se ampliam para o envolvimento com as Associações de Moradores da Vila Salto do Parati e do Cabaraquara, localizadas no Parque Nacional Saint Hilaire-Lange, na região do entorno da baía de Guaratuba-PR.

Além da parceria com as associações de moradores em dois anos de execução de projetos de ensino, pesquisa e extensão, foram firmadas parcerias com a Associação Guaratubana de Maricultores (Aguamar), Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater Guaratuba), a ONG Instituto Guaju, ONG SOS Vira-latas e colônias de pescadores.

Parcerias também foram firmadas com diversas instituições de ensino e pesquisa, para a execução de projetos como o de monitoramento da ocorrência de duas espécies de vírus em siris capturados na costa brasileiras. Tais como com o Instituto Federal de Alagoas (IFAL), Universidade Federal do Paraná (UFPR), Instituto Federal do Paraná (IFPR) e  LACTEC.

A professora Gisela, também é docente do Centro de Educação Profissional Nahyr Kalckmann de Arruda (CEPNKA) da Fundação do Asseio e Conservação Serviços Especializados e Facilites (FACOP) e, possibilita a parceria na atuação de estudos que envolvam a gestão integrada de resíduos e a capacitação de profissionais do asseio e conservação em práticas sustentáveis.

Desde 2020 a execução de projetos de extensão em educação ambiental conta com as seguintes escolas parceiras: Escola Rural Municipal Rudi Heinrichs em Piraquara-PR; Escola da Prainha, em Guaratuba-PR; CEI Maria Amélia (Associação Maria Amélia – AMA), em Curitiba-PR; CEEP Newton Freire Maia, em Pinhais-PR e Centro de Educação Profissional Nahyr Kalckmann de Arruda (CEPNKA), em Almirante Tamandaré-PR. Com a execução dos seguintes projetos: Menos plástico-descarte de resíduos plásticos e os riscos de microplásticos no ambiente, Extensão em higiene sanitária: saúde única na educação infantil; Extensão em higiene sanitária: importância da água para a saúde e o meio ambiente; Extensão em higiene sanitária: gestão sanitária na produção animal de uma fazenda escola localizada na Área de Proteção Ambiental do Iraí (APA Iraí) .

Também foi firmada parceria com o Grupo Integrado de Aquicultura e Estudos Ambientais (GIA) da UFPR. A parceria com o GIA inclui a execução conjunta de projetos de Pesquisa & Desenvolvimento, extensão e inovação, além da utilização de toda sua infraestrutura que inclui equipamentos, biotério de peixes e laboratórios para experimentação animal, como:  Centro de Aquicultura Marinha e Repovoamento (CAMAR), Laboratório de Histologia e Microbiologia (LHM),  Laboratório de Pesquisas com Organismos Aquáticos (LAPOA) e Laboratório de genética ATGC .

Fortalecendo ainda mais seu alcance regional, o PPGAmb realizou no ano de 2020, os primeiros contatos com a Polícia Militar do Estado do Paraná com o propósito de implementar ações conjuntas e desenvolver pesquisas de avaliação dos projetos “Força Verde Mirim” e “Ambientando”, os quais culminaram na elaboração de projeto de estágio pós-doutoral a ser desenvolvido no ano de 2021, por um dos integrantes daquela instituição.   

Demonstra-se, portanto, a partir deste histórico, que as iniciativas do PPGAmb têm sido de longa duração, tendo estimulado pesquisas que alimentam dissertações e teses defendidas no Programa. 

Inserção Social

 

1.COMUNIDADES REMANESCENTES QUILOMBOLAS DA LAPA – PR

 

É notório que as comunidades tradicionais têm uma relação harmônica com o meio ambiente, pois entendem que a sua subsistência depende da conservação ambiental. Porém, a vulnerabilidade a que estão expostos, pela falta de ações de saúde, saneamento ambiental e o acesso a políticas públicas, repercute no plano biológico, abrangendo áreas de insegurança nas dimensões da saúde e alimentação (PARANÁ, 2009).

A exemplo destas comunidades apresentam-se as Comunidades Remanescentes Quilombolas do Feixo, Restinga e Vila Esperança de Mariental, localizadas no município da Lapa – PR.

 

FIGURA 1 – Localização da Comunidade Vila Esperança no Município da Lapa – PR

FONTE: adaptado do Instituto de Terras, Cartografia e Geociências – ITCG.

 

As comunidades não possuem planejamento urbanístico e suas casas são cobertas por telhas, mas as condições de algumas moradias são precárias. Embora disponham de abastecimento de água tratada, muitas delas não tem acesso ao sistema de coleta e tratamento de esgotos sanitários, bem como, qualquer outra ação no contexto do saneamento ambiental, resultando na contaminação do meio ambiente e na veiculação de doenças.

Os moradores das comunidades do Feixo e Restinga, cultivam verduras e legumes orgânicos e o escoamento da produção ocorre a partir da ação do Grupo Quero-Quero, que reúne os produtores locais para atender demandas de convênios, dentre os quais destaca-se o Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE. A partir de 2022, também passaram a comercializar seus produtos em uma feira de orgânicos que ocorre às quartas-feiras, nas dependências da Universidade Positivo. Já os  moradores da Vila Esperança, cultivam alguns alimentos para sua própria subsistência e a principal fonte de renda se dá por meio de subsídios do governo federal e pelo trabalho de boias frias em períodos de safra local.

Neste âmbito, ações destinadas à promoção da saúde e educação ambiental podem representar uma promissora oportunidade de atuação, buscando, por meio de ações articuladas, assegurar a autonomia da sociedade estimulando o protagonismo popular. Tais ações devem pautar-se por um olhar cuidadoso voltado à realidade comunitária, pois entende-se que para transformá-la é fundamental que o saber e os anseios populares sejam reconhecidos e respeitados.

Neste contexto, um sistema de gestão participativo, deve contribuir para a melhoria da qualidade de vida. Para tanto, se faz necessário uma abordagem de apoio à decisão por meio de ligações dinâmicas entre os sistemas sociais e ambientais. (KRYSTYNA, 2010).

Para Jorgensen et al. (2006) um modelo de gestão capaz de proporcionar a interação das partes interessadas e a melhoria contínua do processo deve buscar um entendimento compartilhado dos desafios internos e externos, proporcionar um ambiente de aprendizado e uma cultura de responsabilidade.

O relatório da Comunidade Europeia sobre sustentabilidade destaca que os principais elementos de um sistema de gestão ambiental integrada são: analise da situação inicial, estabelecimento de metas, compromisso político, execução do plano de ação, apresentação de relatórios e avaliação (GESTÃO, 2009).

Assim, este projeto tem o propósito de promover, por meio de gestão participativa e de ações voltadas à valorização da cultura, organização comunitária, promoção da saúde e educação ambiental, formas de aplicar soluções sustentáveis, de baixo custo e eficientes, que venham a colaborar para a melhoria da qualidade de vida da comunidade respeitando sua cultura e saberes de maneira a contribuir com a preservação ambiental. Tais ações, contribuem com o fortalecimento do espírito de liderança, a consciência crítica e o empoderamento da população.

As ações realizadas em parceria entre o PPGAmb e as comunidades tiveram início no ano de 2014 e, a partir de então, pesquisas e intervenções resultaram em Dissertações de Mestrado, Teses de Doutorado e projetos de extensão institucional, envolvendo alunos de diferentes cursos de graduação.

 

 

 

 

2.COMUNIDADES TRADICIONAIS RIBEIRINHAS DO ENTORNO DA BAÍA DE GUARATUBA

 

Localizada na porção sul do litoral paranaense, a baía de Guaratuba faz parte de um ecossistema com muitos rios e manguezais preservados. Nesta região encontra-se a Área de Proteção Ambiental Estadual de Guaratuba (APA de Guaratuba) e também o Parque Nacional de Saint Hilare-Lange, uma área de preservação ambiental que comporta em seu entorno pequenas comunidades litorâneas, atividades de ecoturismo, restaurantes, quiosques, marinas, fazendas marinhas (ostreicultura), entre outros.

O entorno da Baía de Guaratuba, assim como do restante do litoral paranaense, caracteriza-se por ser uma região de riquezas naturais com realidade social diversa e contrastante. Como principais elementos que compõem essa heterogeneidade do litoral paranaense estão a grande variedade de ecossistemas; a diversidade de atividades econômicas, com graus distintos de desenvolvimento; a variedade cultural de populações de origem e trajetórias históricas diferentes; e as fortes desigualdades sociais. Além disso, os habitantes de locais como Vila Salto Parati, Cabaraquara, Riozinho, São Joãozinho, Descoberto e Rio Cedro/Empanturrado, localizadas no interior da baía de Guaratuba, podem ser caracterizados como caiçaras, por praticarem agricultura de subsistência empregando utensílios de trabalhos manuais simples como foice, enxada e facão.

As ações realizadas nesse local, em parceria entre o PPGAmb e as comunidades tiveram início no ano de 2021 e, desde então, tem sido desenvolvidos diversos projetos de extensão institucional, envolvendo alunos de diferentes cursos de graduação e atuando nas seguintes linhas:

  • Educação ambiental e construção de composteiras para moradores do bairro Cabaraquara.
  • Resgate da cultura caiçara no ensino infantil, com todos os alunos da escola da Prainha, Guaratuba-PR.
  • Ações de apoio para a geração de renda para moradores do bairro Cabaraquara, Guaratuba-PR:
    • Artesanato com materiais da natureza local e resíduos da ostreicultura;
    • Fomento ao turismo ecológico de base comunitária, com observação de aves e parceria com o Instituto Guaju;
    • Capacitação em boas práticas de manipulação de alimentos, para inserção na cadeia produtiva da ostreicultura, principalmente em restaurante e quiosques do local.
  • Controle de zoonoses pela disseminação de informações e apoio no controle populacional de cães da região (castrações).
  • Educação financeira para pescadores artesanais.
  • Apoio na comercialização de pescado, formando uma rede on-line para a divulgação de produtos da pesca artesanal.
  • Gestão de resíduos da ostreicultura.

A execução desses projetos tem incentivado a aproximação entre a academia e a comunidade, havendo grande troca de experiências e conhecimento na busca por soluções eficientes, que conservem os saberem locais e busquei o uso sustentável dos recursos naturais.

 

Figura 1. Roda de Fandango. Oficina de cultura caiçara com alunos da Universidade Positivo e o professor e músico José Navarro.

 

Figura 2. Oficina de resgate da cultura caiçara com crianças das Escola Municipal da Prainha, Guaratuba-PR.

 

Figura 3. Oficina de resgate da cultura caiçara com crianças das Escola Municipal da Prainha, Guaratuba-PR

 

Figura 3. Testes realizados em laboratório para elaboração de produtos a partir de conchas de ostras em Guaratuba-PR.

 

Figura 4: Oficina de artesanato com conchas de ostras na comunidade do Cabaraquara, em Guaratuba-PR.